20120517

Exatas

“A aritmética é irrelevante.”
A frase ecoava em sua mente desde que a leu em um site qualquer. Não, ele não era contador, matemático, ou amante das exatas. Era artista. Historiador. Músico. Homem. Sentimental. Tinha alma de poeta. Do Realismo, talvez. Mas aquela frase de nada dizia respeito às contas ou à arte. Ele buscava nela uma explicação para o que era, até então, inexplicável. E que, se um dia tivessem lhe profetizado, não acreditaria. 

Isso porque nasceu em uma época em que tudo se fazia escondido. Assistia programas de tevê que poucos são lembrados. Na adolescência, ouvia bandas que nunca voltarão a se reunir. Fumava cigarros que hoje são proibidos por lei. E tudo o fez aprender. Para o que lhe coçava a mente, os números traziam uma resposta que para muitos seria vulgar. Então, para não pensar em somas, diferenças ou resultados, tomou a frase como a luva que lhe cabia. Usou-a para dar explicações. 

E tudo por querer ver o mundo de ponta a cabeça. Um detalhe apenas.