- Ela abaixou a calcinha e disse: vem. Aí, já viu.
- Mas que safada! Ele te disse isso mesmo?
- Isso. Sem-vergonhice pura.
- Menina. Eu sabia que ela não prestava mas isso já é demais.
Elza contava à Carmen o que havia acontecido há um mês, quando Júnior começou a sair com Nice. As vizinhas compartilhavam as informações, levantavam suspeitas e aumentavam versões. Há muito tempo esperavam uma bomba dessas. Só para poderem ter o que falar de Nice. A moradora mais nova da vila que sempre chegava de táxi e saía de salto para o trabalho.
Num domingo, quando elas caminhavam até a igreja para ir ao culto, Elza viu Júnior sair do bar sorrindo. Mil e uma caraminholas surgiram em sua mente. Nem prestou atenção nas palavras do pastor. Chegou em casa e foi logo perguntar ao primo o motivo de tanta alegria às sete da manhã de um domingo.
- Felicidade lá escolhe hora? Me deixa dormir.
Encucou. Foi até a casa de Carmem tentar saber o que tinha para o almoço e também para imaginar verdades. Júnior não era de virar a noite assim. Trabalhava, estudava e só tinha dezenove.
Bem mais tarde, Elza soube o que acontecera. E foi pela própria boca de seu primo.
- Sabe aquele dia que eu saí do bar de manhã, num domingo? E tu foste me acordar depois pra saber o que tinha acontecido?
- O que tem?
- A Nice chegou lá de noite. Comprou cigarro, tomou umas cervejas e ficava cantando algumas músicas que estavam tocando. Ela estava sozinha. De vez em quando descruzava as pernas e dava pra ver a calcinha. Todo o mundo ficava olhando. Depois de um tempo, ela levantou e foi falar comigo. Perguntou a minha idade e riu que só quando eu respondi. Ela saiu de perto e parou de beber. Ficou na porta do bar. Deu duas, deu três da manhã. Um pessoal já tinha ido embora. E eu já estava cansado. Cheguei na porta pra sair e ela me parou. Me puxou até o banheiro.
- Na frente de todo o mundo?
- Tinha umas três pessoas que nem eram daqui.
- E aí?
- A gente ficou. No banheiro. Ela abaixou a calcinha e disse: vem.
(...)
Pausa para o espanto de Elza. Ela disse que não queria mais saber da história e nem por decreto imaginaria a cena. Era pecado, e dos graves. Por isso mesmo teve raiva. Não de Júnior por ter se entregado ao "erro". Mas de Nice. Bonita, cabelo cheiro de frutas, boca grande e um quadril que todos os homens olhavam.
Elza teve raiva daquela mulher que fazia mal ou bem, depende do grau de prazer ou arrependimento. Ela teve raiva de Nice por Nice poder fazer o que bem queria, onde e como quisesse. Elza não. Vai ver ninguém nunca quis fazer tal safadeza com Elza.
Correu e foi contar à Carmem.
(...)
- E ela abaixou a calcinha e disse: vem. Aí, já viu.
- Mas que safada! Ele te disse isso mesmo?
- Isso. Sem-vergonhice pura.
CATEGORIA: Imaginação
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