Saudade a gente sente, sim senhor
Mas finge esquecer
Nem olha, vira as costas
Se ocupa, se preocupa
Sim, senhor, saudade a gente sente
Mas da vida se aprende
Que se morre para um
Se vive para o outro
Afinal, coração não se aposenta
Descansa.
20120603
20120517
Exatas
“A aritmética é irrelevante.”
A frase ecoava em sua mente desde que a leu em um site qualquer. Não, ele não era contador, matemático, ou amante das exatas. Era artista. Historiador. Músico. Homem. Sentimental. Tinha alma de poeta. Do Realismo, talvez. Mas aquela frase de nada dizia respeito às contas ou à arte. Ele buscava nela uma explicação para o que era, até então, inexplicável. E que, se um dia tivessem lhe profetizado, não acreditaria.
Isso porque nasceu em uma época em que tudo se fazia escondido. Assistia programas de tevê que poucos são lembrados. Na adolescência, ouvia bandas que nunca voltarão a se reunir. Fumava cigarros que hoje são proibidos por lei. E tudo o fez aprender. Para o que lhe coçava a mente, os números traziam uma resposta que para muitos seria vulgar. Então, para não pensar em somas, diferenças ou resultados, tomou a frase como a luva que lhe cabia. Usou-a para dar explicações.
E tudo por querer ver o mundo de ponta a cabeça. Um detalhe apenas.
20120430
Desconexo
Calendário que não segue lei.
Quarta vira sexta.
Sábado, segunda.
Fuga da vida real.
Manhãs que eram noites.
Tardes, madrugadas.
Dias de regras quebradas.
Erros eram acertos.
Correção, pensamento.
Calendário que não segue lei.
Incontrolável desejo.
Prazer desconexo.
20120330
Voltas
Muda, muda. Muda vida.
Semana de volta, semana de ida.
Volta mundo. Volta vida.
Dia de chegada, dia de partida.
Semana de volta, semana de ida.
Volta mundo. Volta vida.
Dia de chegada, dia de partida.
20120221
Chá
Ela caminhou por várias ruas na sua cidade nova. Olhou os jardins, reparou nos telhados das casas e como as calçadas eram limpas. O lugar parecia perfumado. Sentia isso a cada respiração mais funda.
Quando a noite caiu, ela encontrou uma Casa de Chás. Um lugar quase no meio do nada, no final da rua. Entrou.
Acomodou-se em uma das três mesas que lá havia. Logo, um rapaz alto, magro e com a barba feita chega.
- A senhora aceitaria uma xícara de chá?
- Qual chá?
- Temos chá de querência, para os quereres da vida. Chá de carinhos, de flores raras que afagam os corações carentes. Chá de sorriso, que faz os lábios se esticarem e melhora a aparência. E...
- Quero todos!
- A senhora deseja aproveitá-los como?
- Como?
- Digo, como deseja seus chás? Hoje, amanhã, no dia primeiro ou um em cada mês do ano?
- ... Bom, traga-me apenas um chá de sorrisos.
- Boa escolha. Reparei que a senhora possui o sorriso mais bonito dessa noite.
- Obrigada, rapaz.
- Por nada. O chá está saindo.
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