20111101

Redescobrir

- Tereza, para onde você vai assim?
- Vou quebrar as regras.
- E precisa ser desse jeito? Com essas botas?
- Sim.
- E não vai dar explicações?
- Não.
- No duro?
- Pra que tantas perguntas?
- Tereza, te conheço como a palma de minha mão. Por que isso agora?
- Se não for agora, será amanhã, ou depois.
- E isso é bom?
- Depende para quem.
- Pra você?
- Certeza.
- Pra mim?
- Incerteza.
- Bem, se você vai quebrar as regras, posso ir junto?
- Não.
- Pouco importo, então.
- Ótimo! Melhor pra você, acredite.
- Tereza. Essa firmeza toda machuca, sabia?
- Sei disso.
- E não sentes nada?
- Não. Não dessa vez.
- Não mereço mais tua dor?
- Não mereces minhas respostas.
- Que barra!
- Preciso ir.
- Com essas botas?
- Sim.
- Estão horríveis!
- Nada do que você falar vai deter o que eu quero.
- Quer quebrar as regras?
- Foi minha primeira frase da noite.
- E não quer que eu te acompanhe?
- Não é não.
- Você vai voltar?
- É claro.
- Por que?
- Porque meu lugar é aqui.
- É Tetê, você ainda é um mistério.
- Isso é bom. Acredite.
- Não sei.
- Boa noite.
- Não demore.
- Não prometo.

CATEGORIA: Imaginação

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