Consciente mesmo sem explicação. Rápido por causa da vontade. Porém, um ritmo certo para todos os movimentos. Daria até para escrever um livro sobre os detalhes, os olhares e as dúvidas de uma manhã incomum, mas boa. Onde o vazio foi preenchido pela presença que antes só ficava no pensamento.
Foi real. Era a única certeza que Andréa tinha naquele momento. Ainda na cama, parecia não acreditar. Mas sabia: foi real. E não tinha mais como consertar.
Levantou, vestiu-se e quis sair dali. Da janela podia ver o movimento nas calçadas, o trânsito e o sol. Era dia. “Meio-dia”, disse ao olhar o celular. Havia duas chamadas perdidas. Não ousou ver de quem era pois sabia a resposta. Não teve coragem.
Talvez por menos de um minuto, tentou se jogar da janela. Pôs os braços para fora, sentiu a pele arder por causa do calor e sorriu. “Idiota”, xingou a si mesma.
Ligou o rádio no volume mais alto e foi tomar banho. Debaixo do chuveiro ficou cantando aos berros para que a mente não lembrasse do que acabara de acontecer.
Depois de trocar as colchas da cama o telefone tocou novamente mas ela não atendeu. Não quis. Preferiu se permitir lembrar e jurou: “é a primeira e a última vez”.
E se um dia alguém esquecer, o outro lembra. E se nunca for esquecido. Pode ser um problema.
CATEGORIA: Imaginação
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